O Congresso do México aprovou, na noite desta quarta-feira (10), um pacote de medidas que eleva as tarifas de importação em até 50% para países com os quais não possui acordo de livre comércio. O Brasil está na lista dos atingidos, ao lado de China, Índia e outras nove nações.
A proposta, enviada pelo governo da presidente Claudia Sheinbaum, foi aprovada pelo Senado com 76 votos a favor. A expectativa é que as novas taxas entrem em vigor a partir de 1º de janeiro de 2026.
A medida é vista como uma resposta dupla: uma tentativa de fortalecer a indústria nacional mexicana e uma reação à pressão dos Estados Unidos (sob a administração Trump) para fechar o cerco contra produtos asiáticos que entram no mercado americano via México.
O que muda
O "tarifaço" incide sobre 1.463 classificações tarifárias de produtos. Para o Brasil, o impacto é direto, já que o país não possui um acordo de livre comércio abrangente com o México, apenas acordos específicos (como o automotivo).
Os setores mais afetados incluem:
🚗 Automotivo e autopeças
👕 Têxtil e vestuário
👠 Calçados
⚙️ Aço e metalurgia
🧪 Químicos e plásticos
📺 Eletrodomésticos
Impacto no Brasil
Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil é o 5º país mais prejudicado pela medida.
Prejuízo estimado: Cerca de US$ 1,7 bilhão em exportações brasileiras podem ser atingidas.
Volume: Isso representa aproximadamente 14,7% de tudo o que o Brasil vende para o México.
Indústria: A medida atinge em cheio bens intermediários (insumos usados para fabricar outros produtos), o que tira a competitividade do produto brasileiro frente a fornecedores que têm acordo com o México, como EUA e Canadá.
Motivação Geopolítica
A decisão mexicana ocorre em um cenário de "guerra comercial" renovada. Os Estados Unidos têm pressionado o México a impedir que o país sirva de "ponte" para produtos chineses entrarem no mercado americano com tarifas reduzidas.
Ao elevar as taxas para países sem acordo comercial (o que inclui a China), o México tenta sinalizar a Washington que está protegendo a região da América do Norte, numa tentativa de evitar punições diretas dos EUA contra suas próprias exportações.
Em nota, a presidente Claudia Sheinbaum defendeu a medida, afirmando que as tarifas são necessárias para "impulsionar a produção nacional" e que a intenção não é gerar conflito diplomático, mas fortalecer a economia interna.
Repercussão
A China já criticou duramente a aprovação, classificando-a como protecionismo. No Brasil, entidades do setor produtivo e o governo federal monitoram a situação com preocupação.
Em agosto, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, esteve no México para negociar a ampliação de acordos comerciais, justamente para tentar blindar as exportações brasileiras desse tipo de medida. Com a aprovação da lei, o governo brasileiro deve intensificar as tratativas diplomáticas antes da entrada em vigor da lei em 2026.
📝 Resumo da Notícia
O que aconteceu: México aprovou tarifas de 35% a 50% sobre importações de países sem acordo comercial.
Quem é afetado: Brasil, China, Índia, Coreia do Sul, Rússia, entre outros.
Produtos: Carros, roupas, aço, plásticos e eletrodomésticos.
Quando começa: Previsão para 1º de janeiro de 2026.
Por que importa: Encarece o produto brasileiro no México e pode reduzir as exportações nacionais em US$ 1,7 bilhão.